A história da República brasileira é marcada por longos anos de ditadura militar. Nesses períodos, o desrespeito aos direitos humanos, a perseguição política, a tortura, o assassinato de militantes e a criminalização dos movimentos sociais foram a tônica da ação do Estado.
Por tudo isso, em um sistema político em constante construção, como o brasileiro, imagino que o respeito à democracia deve ser um importante balizador das nossas opções políticas e em especial as eleitorais visto que estamos em mais um ano de eleição.
Em síntese, proponho um desafio. Pensemos, a partir das trajetórias e ações dos dois principais candidatos colocados para as eleições de 2010, Serra e Dilma: quem mais respeita a democracia no Brasil?
E por democracia, como uma espécie de favor aos nossos adversários, irei considerar somente direitos civis e políticos, ou seja, liberdade de organização, de participar da vida política da sua nação, de se manifestar livremente e etc. Nem entrarei no conceito amplo de democracia, englobando direitos sociais, culturais e econômicos, porque essa comparação já está demonstrada por 83% da população brasileira.
Dilma iniciou sua militância política na década de 60. Participou do movimento estudantil na Universidade Federal de Minas Gerais, lutou contra a ditadura, sendo presa e torturada como boa parte dos militantes políticos da época.
Dilma foi Ministra Chefe da Casa Civil do Presidente Lula. Faz parte de um Governo que estabeleceu novos patamares de construção com os movimentos sociais brasileiros. Não somente pela convocação de mais de 60 Conferências sobre diversos temas, como educação básica, segurança pública, comunicação e cultura, mas por ter sido um governo que tratou o movimento social como elemento fundamental para a democracia no País.
Nos últimos oito anos o MST não sofreu com a repressão policial em Brasília ao exigir do Governo Federal a atualização dos índices de produtividade, nem a CUT ao exigir a redução da jornada de trabalho, nem os estudantes ao exigirem 50% do fundo social do pré-sal para a educação. Todos foram recebidos pelo Governo Federal, mantendo uma relação de construção e respeitos pelos movimentos sociais.
Serra era presidente da União Nacional dos Estudantes em 64, principal entidade do movimento social na época. Deixou o Brasil, dias após o golpe, no primeiro grupo de exilados, não concluindo o mandato, e não realizando nenhuma ação de resistência fora do Brasil, voltando somente às vésperas do fim da Ditadura.
Serra é Governador do Estado de São Paulo hoje. E tem tratado por lá os movimentos como caso de polícia, na contramão do fortalecimento da democracia que vivenciamos hoje no Brasil.
Sexta-feira, 26 de março, estudantes e professores realizaram um ato em São Paulo. O movimento fazia parte da jornada de lutas da UNE, por 50% do fundo social do pré-sal, que se somou a manifestação da greve dos professores do Estado. O resultado foi a exigência por parte do Governo do Estado de terminar a greve para iniciar as negociações, o que não ocorreu.
Sexta-feira, 26 de março, estudantes e professores realizaram um ato em São Paulo. O movimento fazia parte da jornada de lutas da UNE, por 50% do fundo social do pré-sal, que se somou a manifestação da greve dos professores do Estado. O resultado foi a exigência por parte do Governo do Estado de terminar a greve para iniciar as negociações, o que não ocorreu.
Portanto, os manifestantes foram recebidos com toda truculência pela polícia militar, deixando mais de 16 feridos, de acordo com os dados oficiais, entre estudantes e professores. Balas de borracha, spray de pimenta, cassetetes, prisões: essa foi a tônica da ação policial diante da ação pacífica dos manifestantes.
Volto a pergunta inicial: Quem mais respeita a democracia no Brasil? Nas palavras de Quintana, "Todos aqueles que estão ai, atravancando meu caminho, eles passarão", os movimentos sociais, os estudantes e os professores, seguirão o seu caminho ao lado da democracia no país, voarão: "passarinho".
Tiago Ventura é vice-presidente da UNE
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