terça-feira, 30 de novembro de 2010

A Luta do Bem contra o Mal ?

Por Monique Lemos

O Rio de Janeiro, nesta última semana, viveu momentos de grande tensão e apreensão. As cenas de violência que os moradores das comunidades já estão tão acostumados a ver, dessa vez passavam ao vivo para todo o mundo. Esse espetáculo do enfrentamento, que a mídia insistia em valorizar, paralisou as pessoas, que se aglutinavam em volta da TV, como que assistindo a final da Copa do Mundo entre Brasil e Argentina.

Logo surgiram especialistas que diziam: “Já estava na hora”, “Não podemos mais recuar”,“Isso é guerra” ,“Nós vamos lutar contra eles até o fim”. Frases que escondem a reprodução do preconceito contra as favelas e superficialidade das políticas de segurança pública que estamos acostumados a ver.

As UPPs, já dizia nosso 10º Congresso Estadual, não podem ser entendidas como uma mera ocupação policial, sem que venha acompanhada de políticas públicas que garantam melhor qualidade de vida aos moradores. Em nossa opinião, pacificar não é ocupar militarmente, pacificar é ocupar com educação, saúde, cultura etc.

A completa ausência do poder público nas últimas décadas fez com que essas áreas fossem dominadas por um segundo poder, um poder paralelo ao Estado que assumiu às vezes deste, e se tornou o gerenciador dessas regiões. Não estamos falando apenas dos traficantes de drogas, pois estes são uma parte do todo. Estamos falando de um poder que se sustenta na polícia corrupta, nas milícias organizadas e na inércia do Estado.

Não podemos nos deixar levar pelo editorial de um Merval Pereira e de um William Waack, que se regozijam ao ver a lógica do confronto e da guerra, porque na verdade acreditam que o problema é individual, que aqueles “bandidos” – muitos menores de idade – escolheram aquele caminho e que, portanto devem pagar por ele. Nessa onda de violência não temos dúvida de que é a juventude, negra e favelada a que mais sofre as punições – antes, durante e depois – do Estado e da mídia. Nesse contexto, a saída não é a redução da maioridade penal, é uma política de Estado profunda, que pressuponha a inclusão social e a valorização do jovem como sujeito de direito.

Não estamos, portanto, falando da luta do bem contra o mal, dos mocinhos versus bandidos, se tratarmos o combate a violência (que deve ser feito) desta forma estaremos cometendo um estúpido reducionismo. Vamos matar 30 e nascerão mais 100!!
A ação do Estado deve estar voltada para a proteção da vida, devemos pensar em ações de mais longo prazo que desestabilize o tráfico de drogas (legalização da maconha), que diminua o poderio bélico (maior controle das nossas fronteiras, pois não devemos esquecer que nosso país não produz armas), que refunde nossa polícia militar (excluindo a banda podre, pagando salários dignos) que tenha como finalidade a proteção do cidadão e não de um Estado autoritário.

Acredito que podemos sim estar vivendo um momento histórico no que diz respeito à política de segurança no Rio de Janeiro, mas não pelo show pirotécnico de bandeiras tremulando, números substituindo pessoas, mas sim, porque nos é dada a oportunidade de pensar segurança como uma política social, de entender que não vamos resolver esse problema num passe de mágica, ou no caso na ponta do fuzil, e que o que precisa mudar é mais profundo do que a luta do bem contra o mal.

Monique Lemos é presidente estadual da UJS-RJ.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Jovens fazem ato político em frente ao Clube Militar do Rio de Janeiro em defesa da democracia.


O Clube Militar do Rio de Janeiro convocou hoje seus generais para uma reunião com os jornalistas Merval Pereira (O Globo) e Reinaldo Azevedo (Veja). A convocação, intitulada “Democracia ameaçada: restrições à liberdade de imprensa”, afirmava que o Brasil passa por momentos difíceis para a imprensa.

Esta foi a senha para que a União da Juventude Socialista (UJS) convocasse os movimentos sociais do Rio de Janeiro para um representativo ato na porta do Clube Militar. Cerca de 50 jovens seguravam cartazes com palavras de ordem como “Liberdade de imprensa não é liberdade de empresa” ou “Globo + Militares = Golpe”.

Segundo Monique Lemos, presidenta da UJS, “os militares não possuem nenhuma credibilidade para falar em democracia ou em liberdade de expressão”.

Já o diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliescu, lembrou o processo de Conferência Nacional de Comunicação que ocorreu no fim do ano passado. “A Globo boicotou vergonhosamente o processo democrático de Conferência Nacional de Comunicação que pretende democratizar a mídia no país” afirmou Iliescu.

Um momento marcante se deu quando nomes de jovens mortos pela ditadura foram lembrados, como Honestino Guimarães, Helenira Rezende, Osvaldão, Mauricio Grabois, Stuart Angel e Edson Luís, entre tantos outros.

Uma das preocupações dos manifestantes é a de que não ocorra esse ano no Brasil o que já aconteceu em 1964 com João Goulart, em 1973 com Salvador Allende e em 2002 com Hugo Chavez na Venezuela. Para o Secretário de Formação da UJS, Theófilo Rodrigues, “a mídia mostra dia após dia que não está disposta a aceitar a eleição democrática de Dilma Rousseff”.

A tranqüilidade do ato foi quebrada apenas pelos empurrões dados por soldados do exército e por um revoltado advogado do Clube Militar que quebrou o microfone da caixa de som da UJS.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Contra o golpismo midiático e em defesa da democracia

A União da Juventude Socialista (UJS) convoca os movimentos sociais do Rio de Janeiro para o ato "contra o golpismo midiático e em defesa da democracia".

O Ato será nesta quinta-feira, 23 de setembro, às 15 horas, em frente ao Clube Militar.

Neste mesmo horário o Clube Militar realizará com o Instituto Millenium um debate sobre "liberdade de expressão" com os jornalistas Merval Pereira (Globo) e Reinaldo Azevedo (Veja).

A sociedade sabe que o Instituto Millenium e o Clube Militar não possuem nenhuma credibilidade para falar em liberdade de expressão. Vamos mostrar para os golpistas que liberdade de imprensa não é o mesmo que liberdade de empresa.

Traga sua bandeira para defender a democracia!


Ato Político

"Contra o golpismo midiático e em defesa da democracia".

Local: Em frente ao Clube Militar (Av. Rio Branco, Nº 251, Centro, RJ).

Quando? Quinta-feira, 23 de setembro, às 15 horas.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Manuela D'Ávila: Juventude e eleições. O que a juventude precisa?

Há dias ando incomodada com o uso feito por algumas candidaturas da palavra "jovem". De forma vazia, apenas com a linguagem jovial, afirmam ser " tudo" o que essa faixa populacional precisa.

Por Manuela D'Ávila, em seu blog

Estou terminando meu segundo mandato aos 29 anos (fui vereadora e deputada federal). Antes disso, desde os 16, militei em organizações de juventude. No movimento estudantil e na UJS. Meus dois mandatos foram dedicados de maneira intensa as pautas de segmentos da juventude. E foram conquistados com uma ampla votação entre pessoas de 16 a 29 anos (aquilo que a ONU e agora nossa constituição entendem como juventude). Mesmo assim jamais me outorguei o título de representante da juventude, ou melhor, como a única representante da Juventude.

Tenho claro que os mais de 35 milhões de brasileiros com essa idade têm visões diferentes de mundo, necessidades e opções distintas. Tratar do tema juventude é como tratar do tema das mulheres: existem temas que unem a todos nós, a exemplo da luta pela participação politica, do protagonismo. Mas temos também nossas diferenças. Queremos participação e direitos. Mas existem jovens que defendem a universidade pública e jovens que a consideram um gasto. Existem jovens que defendem a Livre orientação sexual e jovens que acham um absurdo o combate à homofobia.

Por que escrevo tudo isso? Porque quero a galera pense em que projeto cabem suas idéias e sonhos.

Num país em que a maior parte dos jovens vive a desigualdade de maneira muito intensa, será que o projeto que comporta os nossos sonhos é um que prevê o estado mínimo? Será que o projeto que sucateou nossas universidades públicas e decretou o fim
das escolas técnicas federais representa nosso sonho de qualificação profissional? Para mim, não!! Será que aqui no Rio Grande a juventude cabe no projeto que liquidou nossa universidade estadual? Que não valorizou nossas escolas de Ensino Médio? Para mim, não.

Para mim, o sonho de grande parte da juventude é estudar, se qualificar profissionalmente, garantir que seus filhos (Sim! Muitos jovens tem filhos!!!) tenham vagas em creches, ver que os amigos não morrem na guerra do crack nem no tráfico nem nos hospitais esperando internação. Queremos ser Felizes! E ver aqueles que amamos felizes!

Por isso minha opção nessas eleições é por aqueles que significam um projeto de desenvolvimento nacional que garanta direitos para os trabalhadores e distribua renda. Um projeto que inclua a juventude com seus direitos garantidos. Um projeto em que a gente não seja objeto! Em que nós sejamos atores da nossa estória! Um sonho que não seja nosso só no período eleitoral. Um sonho que não seja lembrado só por quem precisa de votos, mas cotidianamente.

Cada um escolhe o seu. Essa é a autonomia e liberdade que também queremos. Meu sonho passa pela eleição de Paulo Paim e Abgail, de Tarso Genro e Dilma. Aqueles que lutaram e lutam por um Brasil de todos.

Manuela D'Ávila é deputada federal pelo PCdoB-RS